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09 junho 2007

SOMA
ANARQUISMO e ECOLOGIA


O mundo vive um momento de impasse diante das ameaças ao meio ambiente. Os países capitalistas promovem encontros, assinam tratados e levantam a bandeira da ecologia. Mas os resultados são frustrantes, não se consegue chegar a um acordo que pare com a destruição da Natureza. Os interesses econômicos desses países impedem medidas efetivas e a conclusão é que as intenções de salvar o planeta nunca vão sair do papel.

A ecologia dos capitalistas é uma farsa. Tentar preservar o meio ambiente sem mexer nas estruturas autoritárias da sociedade que geram a destruição não passa de uma grande mentira para anular a força do movimento ecológico. A verdadeira ecologia só pode ser realizada trabalhando sobre causas da depredação dos recursos naturais. A ecologia ambiental não existe sem a ecologia social. O homem só vai respeitar o meio ambiente se aprender a respeitar o próprio homem. A ética que destrói a Natureza é a mesma que justifica a dominação social, a exploração do homem pelo homem.

O sistema capitalista não consegue encontrar uma saída para os problemas ambientais porque, para isso, teria que mudar sua ética, baseada no lucro e no poder autoritário. Isto é a essência da economia de mercado: para acumular riquezas, tudo é permitido, roubar, explorar e até destruir o meio ambiente. O capitalismo caminha para o suicídio, mas não vai conseguir evitá-lo sem decretar a sua própria falência.

A morte do socialismo autoritário tornou o capitalismo hegemônico no mundo. Ele está instalado em todas as instituições, nos partidos e nos sindicatos, nas famílias e nas escolas. É impossível ter esperança de liberdade e justiça social se insistirmos em combater o capitalismo dentro destas instituições tradicionais que estão a seu serviço, legitimando-o e perpetuando-o.

A ecologia social, portanto, luta contra a sociedade burguesa fora dos padrões convencionais de fazer política. As relações sociais vão ser mais ecológicas através de uma transformação prática no cotidiano das pessoas e na formação prática no cotidiano das pessoas e na mudança dos valores do homem moderno. A revolução tem que deixar o lugar comum dos discursos políticos para virar realidade nas relações interpessoais, trocando a ética capitalista por uma outra ética.

A ética anarquista, baseada na autonomia individual e na solidariedade coletiva, é a única possibilidade de se chegar a uma sociedade ecológica. Essa nova ética só vai existir no meio social quando também existir em cada indivíduo. Estamos falando da ecologia subjetiva, aquela que se preocupa com o indivíduo: o ser humano está sendo destruído pela neurose que o consome, o padroniza e o faz distanciar-se de seu papel biológico e natural. Fazer ecologia subjetiva, então, é desenvolver práticas específicas que venham a modificar, reinventar maneiras de ser nas relações de amor entre as pessoas na família, na convivência social, no trabalho, procurando satisfazer as pulsões vitais em equilíbrio com o meio ambiente.

Assim, as três ecologias (ambiental, social e subjetiva) reúnem-se num processo em que os indivíduos buscam tornar-se a um só tempo mais solidários e cada vez mais diferentes entre si. Dentro dessa visão de ecologia, o Anarquismo deixou de ser utopia ideológica para ser necessidade biológica na preservação da espécie humana. Agora, ficou mais clara a relação direta entre Anarquismo, Ecologia e Soma.

A Soma utiliza os princípios anarquistas com um objetivo ecológico. Nosso trabalho é pelo conhecimento real e completo do próprio corpo e suas espontâneas pulsões de desejo. Isto acontece na busca de novas formas de relacionamento afetivo e sexual e no desbloqueio dos potencias criativos e de originalidade única, como ser pessoal e social. A Soma quer o desenvolvimento da competência para uma vida e produção marginais em relação ao sistema autoritário em que vivemos. Temos que aprender a força e o prazer da invenção de modos de vida comunitária de caráter libertário e autogestivo. É assim que acreditamos estar trabalhando pela implantação de uma sociedade anarquista, no plano da ecologia subjetiva, conseguindo resultados revolucionários na ecologia social e, conseqüentemente, na ambiental.

Fazer Soma é descobrir o futuro. Sabemos hoje, graças a avançados estudos, que dos 100.000 genes que compõe o código genético geral humano, referentes aos nossos potênciais orgânicos e funcionais, apenas 10% estão sendo utilizados. Os restantes 90% parecem adormecidos, ou seja, ainda não conseguimos decifrar suas funções potenciais a serviço de nossa vida como espécie e como pessoa. Isso nos dá a esperança de que uma mutação genética e cultural está em andamento, transformando o homem com a finalidade de melhor adaptá-lo ao meio ambiente. Esses mutantes são herdeiros do futuro, os responsáveis pela construção da nova sociedade.

Os verdadeiros revolucionários, por que amantes da liberdade e apaixonados pela utopia, já estão entre nós. E é para eles, os mutantes, que oferecemos a Soma. Nós o chamamos de coiotes.

Somaterapia. Roberto Freire . março 1997

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